Perda auditiva:
Existem três partes principais da orelha envolvidas no processo de audição: a orelha externa, a orelha média e a orelha interna.
O processo auditivo começa quando as ondas sonoras entram no pavilhão externo e caminham pelo canal auditivo até o tímpano, fazendo-o vibrar. Essas vibrações são transmitidas aos os três ossículos da orelha média, o martelo, a bigorna e o estribo. Eles fazem com que a vibração sonora seja amplificada antes de ser transmitida à orelha interna. A orelha interna tem uma parte que se chama cóclea que é cheia de líquido e contém as células ciliadas. Quando as vibrações são transmitidas à cóclea, seu fluído interno se move em ondas que também movimentam os cílios das suas aproximadamente 12.000 células ciliadas. As frequências e intensidades do som determinam qual célula ciliada se moverá. Isso faz com que impulsos elétricos sejam gerados e enviados através das vias auditivas ao cérebro para que ele processe a informação. Esses impulsos elétricos são os códigos que o cérebro consegue entender e converter em sons com significado específico.
Existem três tipos principais de perda auditiva: condutiva, sensorioneural e mista. Cada tipo afeta uma parte diferente do ouvido e pode ter várias causas. As perdas auditivas são classificadas em graus conforme sua intensidade.
A perda auditiva condutiva é aquela em que as ondas sonoras não conseguem ser transmitidas à orelha interna por bloqueio na sua passagem pela orelha externa ou média. Sua maioria é passível de ser revertida através de medicamentos ou cirurgias. Quando não tratadas oportunamente podem tornar-se irreversíveis.
As principais causas das perdas condutivas são:
- Otite média
Otosclerose
Perfuração da membrana timpânica
Fratura dos ossos da orelha média
Bloqueio temporário da orelha externa por alergias, infecções, rolha de cera, etc.
A perda auditiva sensorioneural responde por 90% dos déficits auditivos nos adultos. Deve-se a lesão nas células ciliadas da cóclea e o som não consegue mais estimular essas estruturas e conseqüentemente não é transmitido às vias auditivas para poder atingir o cérebro, onde o som é processado. Uma vez danificadas, via de regra, as células ciliadas não podem ser recuperadas, o que torna esse tipo de perda auditiva permanente. Nesse tipo de perda, na maioria dos casos, os aparelhos auditivos são a escolha de tratamento.
As principais causas de perda sensorioneural são:
Problemas genéticos, que são a principal causa desse tipo de perda auditiva.
Presbiacusia, que é a perda comum ao processo natural de envelhecimento. Na faixa etária de 60 a 65 anos de idade, estima-se que aproximadamente 30% das pessoas têm uma perda auditiva significativa o suficiente para afetar sua capacidade de ouvir os sons do cotidiano.
Exposição a ruído tanto de forma súbita como em uma explosão, quanto de forma contínua como nos trabalhadores expostos a ruído ocupacional.
Ototoxicidade, que é o dano causado por medicamentos que agridem a estrutura do ouvido interno.
Traumas que levem a ferimentos na cabeça.
Infecções como a rubéola durante a gravidez, caxumba, meningite.
Problemas durante o trabalho de parto ou logo após ele, como falta de oxigenação temporária, infecções bacterianas, icterícia, etc.
A Perda Auditiva Mista se caracteriza pela associação das duas causas de perda auditiva, ou seja, uma combinação da perda auditiva condutiva e sensorioneural.
Graus de Perda Auditiva
As perdas auditivas são classificadas de acordo com sua intensidade em leve, moderada, severa ou profunda. Leve a moderada são os tipos mais freqüentes de perda auditiva. Os graus severos e profundos são raros nas perdas auditivas condutivas.
Sintomas da Perda de Audição
As principais características de quem tem perda auditiva são:
pedir aos outros para que se repita o que falaram.
as pessoas do convívio dizem que a pessoa não ouve bem.
o paciente deixa a TV ou o rádio em volume mais alto do que os outros.
o paciente tem dificuldade em entender conversas com ruídos ao fundo.
a pessoa tem dificuldade em acompanhar conversas em grupo.
a pessoa tem dificuldade em identificar de onde os sons estão vindo.
Efeitos da Perda Auditiva
A perda auditiva não tratada precocemente costuma afetar o desenvolvimento da linguagem de crianças e as deixar com dificuldade de comunicação na vida adulta. Tais danos costumam trazer as seguintes conseqüências:
Comunicação:
Conversa-se menos.
Usa-se menos o telefone.
Não se conversa com familiares e amigos.
Social:
Isolamento social.
Evitam-se grupos e estranhos.
Redução da eficiência no trabalho.
Emocional:
Raiva.
Frustração.
Falta de concentração.
Depressão.
Embaraço.
Ansiedade.
Distanciamento das pessoas.
O tratamento adequado, seja através de uso de medicamento, cirurgia ou uso regular de aparelho auditivo, combinado com a prática de comunicação assessorada por profissional habilitado, ajuda as pessoas com perdas auditivas a levarem uma vida normal.
Avaliações Auditivas
É a forma de se confirmar a existência ou não de perdas auditivas. Os testes não são simples e indolores. Para maiores detalhes consulte os exames realizados no Instituto Brasileiro do Sono.
Otites: são os processos inflamatórios, infecciosos ou não, das diversas regiões da orelha. Destacam-se:
- Otite externa: é a inflamação da orelha externa, geralmente por entrada de água na ou trauma local, comumente causado por cotonete ou qualquer outro instrumento introduzido no canal do ouvido. Ela é mais comum no verão. O paciente costuma queixar-se de dor de ouvido e sensação de ouvido entupido e ao ser examinado se observa o canal auditivo vermelho e com edema. O tratamento é geralmente com medicamentos.
- Otite média aguda: é a inflamação da orelha média que é mais comum nos meses de inverno e nas crianças. Geralmente é uma evolução de uma gripe e costuma causar dor intensa e súbita juntamente com a sensação de perda auditiva. Caso ocorra a perfuração da membrana timpânica, pode haver eliminação de secreção com pus e sangue. Em alguns casos pode ocorrer também febre alta e mal estar geral. O exame mostra a membrana timpânica vermelha e abaulada. O tratamento é geralmente com medicamentos.
- Otite média serosa ou secretora: é uma evolução da otite média aguda. Ocorre um acúmulo de secreções na orelha média, internamente ao tímpano, devido a gripes freqüentes ou nas crianças que não respiram bem, por rinites alérgicas, aumento das tonsilas palatinas (amígdalas) e das adenóides, dentre outras causas. O sintoma principal é a perda de audição, a criança fala alto, assiste ao televisor com volume alto, fica desatenta e o rendimento escolar cai.
A suspeita advém do quadro clínico e ao exame físico se observa secreção atrás da membrana timpânica. Ao se solicitar a audiometria e imitanciometria, encontra-se perda auditiva de graus variáveis além de diminuição da vibração do tímpano.
O tratamento é geralmente com medicamentos, mas em casos específicos pode haver a necessidade de cirurgia.
- Perfuração da membrana timpânica: algumas otites são causadas por bactérias que destroem parcialmente a membrana timpânica, levando à permanência desta perfuração. Pode ser também secundária a trauma, em especial com cotonetes, agressões físicas ou por pressões bruscas, como ondas do mar. A principal queixa é a diminuição da audição, além de drenagem de secreção pelo ouvido toda vez que a pessoa deixa entrar água no canal auditivo. A dor é incomum nesses casos. O exame físico mostra a perfuração da membrana timpânica e a audiometria confirma a perda auditiva causada pela perfuração. O tratamento consiste em evitar que se entre água na orelha, através do uso de tampões, gotas de antibióticos nas crises quando drena secreção e como método definitivo a cirurgia chamada timpanoplastia, em que é colocado um enxerto para fechamento da perfuração.
- Otite Média Colesteatomatosa: é a apresentação mais agressiva das inflamações da orelha média, em que ocorre a proliferação de tecido escamoso como pele da orelha média, geralmente associada à perfuração da membrana timpânica, causando a eliminação de secreção amarelada com cheiro muito fétido, além de perda auditiva progressiva. Como a lesão é destrutiva, pode ocorrer erosão dos ossos anexos, evoluindo para paralisia facial e até mesmo meningite. O diagnóstico é baseado no quadro clínico, pelo exame físico e confirmado pela tomografia computadorizada que vai mostrar a extensão da doença.
O tratamento se baseia em cirurgia de timpanomastoidectomia para remover a lesão e reconstituir, se possível, a membrana timpânica.
Doenças do labirinto:
- as labirintopatias, popularmente chamadas labirintites, são doenças da orelha interna (labirinto) que podem ser ocasionadas por vários distúrbios como as alterações da coluna vertebral, lesões das células de dentro da orelha interna, diabetes, aumento das taxas de triglicérides e de colesterol, anemia, distúrbios da glândula tireóide, problemas na região têmporo-mandibular, problemas emocionais, uso de álcool e fumo, abuso de cafeinados, dentre outros. As principais queixas dos pacientes são: tontura, zumbido, diminuição da audição, pressão nas orelhas, náusea, vômito, cefaléia, palidez, falta de ar, dentre outras.
O diagnóstico das labirintopatias é feito pelo quadro clínico, exames laboratoriais para se encontrar doenças causadoras do distúrbio e de forma específica, através do exame otoneurológico computadorizado, disponível no Instituto Brasileiro do Sono (vide exames realizados no Instituto Brasileiro do Sono).
- o zumbido ou tinitus é a sensação de barulho percebida dentro do ouvido ou dentro da cabeça, sem que haja uma fonte externa de sons. Assim como as labirintopatias, o zumbido pode estar relacionado a várias doenças que precisam ser investigadas, como causa importante se destaca a perda auditiva. Muitas vezes o tinitus causa distúrbios do sono, dificultando que o paciente durma bem. Há tratamento para o zumbido, inclusive havendo casos em que é possível remissão completa do sintoma.